Há quase vinte anos venho para a mesma praia. Sempre o mesmo lugar. É natural que eu me sinta em casa aqui.
De vez em quando, alguma surpresa acontece. Uma nova loja aqui, outra que fechou ali. Mas é o sempre o mesmo mar, a mesma areia, o mesmo céu, sol e todas aquelas coisa da bossa-nova.
Sim, eu sei que nada permenece, que tudo muda mesmo que não pareça. Mas falo de uma sensação, de familiaridade, de identificação.
Quando estou aqui, eu me sinto inteira. E forte. Pra pensar em todas as coisas que quero mudar na minha vida.
Quero ser mais natural. Menos industralizada. Quero procurar beleza, afeto e inteligência nas coisas, humanidade nas pessoas. Cansei de gente que só reclama, só agride, só fala mal, que está sempre azeda. Eu vejo exemplos o tempo todo. São pessoas que estão no caminho errado. Eu já trilhei esses caminhos. Eu os conheço Não sou melhor do que ninguém, mas vivi essa falsa sensação de estar agradando porque estava gritando alto o que ninguém queria dizer.
Li ontem que o lado direito do cérebro, se eu não estiver confundindo, tem consciência da própria finitude. E se prepara pra isso. Quero viver cada dia como se não houvesse amanhã, mas com a esperança de que o amanhã chegue pra mim.
Bom dia, bom sábado. Faz um sol lindo lá fora e eu vou lá, rever o mar.