Quantas palavras existem na língua portuguesa? Quantas palavra em média uma pessoa tem em seu vocabulário? Quantas palavras usamos no dia a dia, o chamado vocabulário ativo?
Encontrei este texto no blog de Rodrigo De Bona que responde a todas essas questões:
“A língua portuguesa contém quantidade incerta de palavras. Alguns estudiosos calculam em 320.000 vocábulos, outros chegam a considerar mais de 400.000, incluindo aqueles que há séculos caíram em desuso. Já o Dicionário Houaiss possui cerca de 228.000 verbetes. Por sua vez, pesquisas indicam que uma pessoa com nível de instrução média possui cerca de 1500 palavras em seu vocabulário ativo, aquele utilizado no dia-a-dia. Só isso? Com essa quantidade de conhecimento fica praticamente impossível fazer conexões linguísticas e mesmo neurais suficientes para se elaborar um bom livro, ainda que de tamanho básico.”
Nosso vocabulário do dia-a-dia, portanto, é limitado.
E as nossas histórias de vida? As coisas que vivemos, conhecemos, lemos, pensamos? São muitas, mas são finitas. Qualquer pessoa que convive em família sabe o impressionante número de familiares que repetem sempre as mesmas histórias centenas de vezes.
Assim, com um repertório limitado, de palavras e histórias, podemos facilmente imaginar que, se um grupo de pessoas ficar confinado durante meses, num mesmo ambiente, falando SEM PARAR, uma hora as histórias vividas e o conhecimento adquirido e contado vai acabar. Certo? Certo. É o que acontece nos reality shows. As pessoas ficam o tempo todo falando de si mesmas. Mesmo que falem de música, filmes, livros (o que é raro), por falta de novos inputs, elas começam a falar de si mesmas e das relações entre elas. E quando o assunto acaba, o que sobra? Falar intimidades, confessar segredos e brigar com os outros.
Pode ver. Todo reality show acaba tendo esse fator. Gente falando de intimidades sexuais, corporais e até fisiológicas e seus outputs.
No rádio e na TV ao vivo, quando o apresentador ou locutor é obrigado a ficar falando sem parar, numa transmissão que não pode sair do ar e não tem nada para cobrir, sempre sai bobagem. Pelo mesmo motivo. Você fala, fala, fala, não tem mais o que falar, e para preencher o tempo fala bobagens, idiotices, coisas sem sentido o que não interessam a ninguém.
É o esgotamento de repertório.
O mesmo processo está acontecendo no Twitter.
Tem uma população grande que está lá há alguns anos e tweetando todos os dias. O tempo todo. Sem parar. Eu, inclusive.
Muitas estão sempre falando dos acontecimentos externos, mas todos nós falamos muito de nós mesmos.
E aí, o repertório acaba.
E o que a pessoa faz? Começa a contar o que sonhou ontem. O que está comendo. Diz que horas são num gadget que tem relógio. Avisa na sexta-feira que é sexta-feira, celebra a sexta-feira da sexta-feira. Reclama da segunda-feira na segunda-feira. E assim vai. Todos os dias a pessoa falam dos dias da semana, semana após semana.
E o tempo? Chuva, falta de chuva, secura, vento. Calor. Sempre chamado originalmente de Calor Senegalês mesmo nos dias em que a temperatura no Senegal está abaixo da temperatura local do tweet no Brasil.
Felizmente, o esgotamento de repertório faz bem para alguns. Pessoas inventam palavras, termos, expressões, brincadeiras. São as pessoas que não se conformam com pouco e querem mais. Viva a criatividade human.
Mas o processo é bem parecido com reality show, só que no caso das redes sociais, as pessoas se confinam voluntariamente em busca de socialização. E, como nos programas de TV, tem muita briga, muita disputa por atenção (o alimento da fama), intriguinhas com e sem arroba (pelas costas, com direito a intermediários que vão contar pros mencionados), competição.
O desejo de estar na TV é realizado pelo fato do TWitter ser broadcast, de acontecem ao vivo e em público, na presença de todos. Qualquer um pode entrar, não tem seleção. Não tem diretor, é autoregulamentado. No final, ninguém ganha prêmio, mas pode conquistar benefícios profissionais por aumentar sua visibilidade.
As redes sociais são Reality Shows abertos a toda massa.
Só falta ter votação pra gente eliminar alguns candidatos.
Tem dias que dá vontade.
Querido Leitor, o blog da Rosana Hermann 
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