Berlin 2013 no The Bobs, era lindo, era lindo.

Esta é a cara da primavera em Berlin, cerejeiras em flor, pessoas aproveitando os dias de sol no parque. Nos poucos momentos livres da viagem para trabalhar no Júri do The Bobs, da Deutsche Welle, fui com minha amiga @claireinparis até um mercado de pulgas, numa linda caminhada de conversas e risadas.

E quando eu digo que todo mundo vai pro parque eu não estou exagerando, não.

Em todo lugar os parques ficam lotados de gente, lindo de ver.

E, sempre que vejo gente no parque, lembro do famoso quadro de Seurat, domingo no la grand jatte.

Além de falar da vida, segredos da alma, Claire e eu rimos o tempo todo. Como não rir de uma loja de roupas para quem está em crise de personalidade? 

E a rede de lojas Quem matou o Bambi? Mas, gente, não foi a mãe do Bambi que morreu? Bambi morreu? Quem matou o Bambi? oh, wait.

 A Famosa Torre de TV. Sempre fico numa rede de hotéis (hotel mesmo, apesar do nome) chamada Motel One. É minimalista até no preço, apenas 69 Euros por dia. É simples, bonitinho, bom atendimento e tem o essencial, quarto limpo, cama boa, TV de Plasma e bom banheiro. Nada mais. Nem telefone pra falar com a recepção tem. Ah, e o café da manhã é bem gostoso e não tem doces, o que ajuda na dieta. Porque, olha, engordar na Alemanha é a coisa mais fácil do mundo.

Espia o café da manhã num hotel baratinho. Imagine nos 5 estrelas. Ainda bem que levei a balança portátil, sério.

Â

Publiquei muitas fotos no Instagram durante esses breves dias de muita aprendizado e emoção. Fui devidamente ciceroneada pelo amigo querido Carlos Albuquerque, brasileiro de Fortaleza radicado na Alemanha, culto e divertido, um parceiro e tanto no trabalho e na viagem. Aqui, a gente.

 

Foi o Carlos que me levou pra conhecer o atelier/loja do Mário Brandão, artista plástico brasileiro que morou muitos anos em Nova York e agora mora em Berlin. Olha que sensacional o anão ladrão que ele reconstruiu/recriou:

O Carlos acabou de mandar uma foto que o Mário tirou de mim, em frente ao atelier dele, num bairro super valorizado no momento, perto do antigo aeroporto de Tempelhof. Me espia:

Fotografei um monte de coisas, me maravilhei com tudo. Alguns exemplos:

-Os cadeados numa ponta sobre o Rio Spree, Love Locks, foto que queria muito tirar.

-O movimento de pessoas que fazem tricô e recobrem coisas nas ruas:

– O grafite de Anne Frank com um lugar pra você tirar sua foto ao lado dela, numa das muitas vielas de Berlin, escondidas nas áreas internas (hofs)

– A versão tropical do cachimbo de Magritte numa parede na rua.

– a expressão geral sobre amizades no facebook num mural

E além da beleza natural (parques, flores, gente), das atividades culturais (revisitei o Pergamon, passeei por feiras e lojas, conheci o bar Der Visionaire à beira do Spree, restaurantes), das experiências do dia a dia ainda encontrei a Ligia Fascioni (@ligiafascioni), amiga querida, conheci ao vivo a Talita Rhein (@diretodoalem), reencontrei pessoas queridas da DW e do Juri, dei boas-vindas aos novos jurados. Sem contar os passeios pela cidade. Olha a Talita e eu:

A Deustche Welle e a todos, meu muito obrigada por esta experiência de trabalho e de vida. Saudades desde já de todos vocês.

 

 

Van Gogh num novelo de lã

Sempre gostei muito das pinturas de Van Gogh. No ano passado vi algumas das obras dele no Metropolitan, em Nova York. Tirei essa foto de um de seus autoretratos.

Por gostar dos quadros dele, fiquei muito impressionada com o resultado da ideia simples de compor figurinos a partir da paleta de cores de quadros famosos, que vi no site Polyvore e publiquei num painel do Pinterest. Achei incrível o resultado dessa composição a partir do quadro Doze girassóis numa jarra.

Eis que, fui visitar a loja com artigos para artesanato Idee, em Berlin e, no departamento de lãs e linhas, encontro novelos de lã malhados, baseados nos quadros de Van Gogh! Fiquei emocionada. Comprei três. Nem sei o que vou fazer com eles.

São bobagens minhas, eu sei, mas fico tão feliz com esses pequenos achados!

Aqui estou eu, toda contente porque tenho três novelos de lã inspirados em quadros de Van Gogh.

🙂

PS – o link da lã


Já comecei

Chegar em casa

The Unsinkable Rosana Herman!

Que coisa mais gostosa que é chegar em casa.

Ainda estou completamente tonta e, por isso mesmo, não tenho como escrever um post legal. Mas vou me recuperar, reencontrar meu eixo (no momento estou mareada, como se estivesse a bordo de um barquinho em mar revolto) e escrever.

Por enquanto, fico só com o meu muito obrigada pela companhia durante a viagem. E o link de todas as fotos que tirei aqui.

E cinco fotos bacanas do álbum da Claire.

Sábado, dia de voltar

Agradeço aos céus e a terra, a todos os seres vivos e a energia do cosmo, por mais essa oportunidade de vida em Berlin,
Agora é hora de começar a viagem de volta para São Paulo, Vou chegar amanhã bem cedinho. Berlin Frankfurt e Frankfurt São Paulo.
Deseje-me uma boa viagem.
E obrigada pela companhia.

Andanças e despedidas

Hoje é meu último dia completo em Berlin. Acordei cedo, tomei café, fui bater pernas. Passei pela mesma feirinha que fui no ano passado. Tirei algumas fotos lindas.

Flores numa feira em Berlin

Lindas flowers

As cores!

Voltei pro hotel, me arrumei e ao meio dia encontrei a Julianal Andamos sem parar feito duas matracas felizes, conversando e rindo. E andando. Cinco horas depois, a coluna gritava por um assento.

Comemos um kebab, tomamos muita água e fizemos um tour por todos os banheiros femininos da região. Sobe e desce de trens e ônibus, por conta da reforma maluca que estão fazendo. A linha de trem simplesmente acaba e você tem que achar o ônibus, pegá-lo e continuar pelo resto da linha. Loucura, viu. Mas no final dá tudo certo.

Conversei com o maridão amado, que chegou hoje na Filadélfia.

Hoje eu também peguei, enfim o plano de Internet num chip alemão que o Carlos meu deu. A vida é outra com internet local.

No final da tarde comprei umas coisas de banho, fiquei longas horas me recompondo e saí para comprar uns presentinhos. Sério, tive que comer dois marzipans pra que minhas pernas obedecessem. Não consigo dar mais UM passo. Estou na ativa há 12 horas sem parar. E amanhã é dia de começar a jornada de volta.

Se a fome gritar muito alto, vou sair pra comer qualquer coisa. SE o sono falar mais alto, ele vai embalar a fome pra dormir.

Vou terminar de arrumar a mala.

Muito obrigada pela companhia até aqui.

Amanhã ainda tem mais.

Caminhadas e fotos num dia lindo de evento

http://www.flickr.com/apps/slideshow/show.swf?v=109615

Foram 4 quilômetros pela manhâ. Depois mais 11 mil passos. Andei muito hoje. Fui até o Re:publica, conferência sobre Internet na Station. Tirei fotos durante o caminho e subi algumas aqui. Outras, no Instagram. Deve estar tudo meio misturado.

Agora vou comer. São 4 da tarde e o estômago grita por comida.

HOje vou ao teatro ver a Òpera dos 3 vinténs, de Brecht. Em alemão. Não vou entender nada, mas vou lembrar das letras do Chico Buarque.

Depois eu conto como foi.

Vivendo e aprendendo

Comecei o dia com um belo café da manhã, naquela vibe ‘mistureba’ e cheia de indecisões. É complicado saber logo cedo se você quer salsicha com ovos mexidos, salmão defumado com creme azedo ou bolo de queijo e pão com geléia. Quando terminei, encontrei minha querida Claire, tomei mais uma xícara de café, que é muito bom aqui, e partimos para a conferência Republica.

Sentamos num lugar confortável e ficamos conversando sobre redes sociais, a vida, a maturidade, tinta pra cabelo e descobrimos, por um grego muito gentil (@epapa100) que estava a nosso lado, que no salão principal haveria uma palestra com Daniel Domscheit-Berg do OpenLeaks. Fomos para lá. O auditório é aquele gigantesco. Gabriel da DW disse que é o maior da Europa. Deve ser mesmo.

Daniel disse muita coisa interessante. O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente. Falou que responsabilidade exige recursos e que os veículos de mídia vivem hoje o paradoxo da exclusividade. Todo mundo quer informação exclusiva, o que é totalmente incompatível com a necessidade de coerência e acesso para todos.

Ficamos no auditório e ouvi a apresentação do Peter Sunde, avaliando o site de micropagamentos para conteúdo, o Flattr.Acho que já tinha ouvido falar, mas nunca experimentei. Abri uma conta e vou experimentar. Aqui, um vídeo explicativo do serviço.

Saí e fui fazer umas compras. Encontrei duas lojas que adorei na hora. Uma se chama SuperDry e é inglesa. A outra é sueca e se chama Weekday. Adorei a loja, as roupas. É tudo básico, mas de um jeito peculiar e diferente.

Voltei para o hotel, tomei banho, me troquei e descobri que duas coisas que eu comprei não estavam na sacola. Vou ter que voltar com a nota fiscal e pegar as coisas.

Vou comer e voltar pra conferência. Mais tarde vou a uma festa. No ano passado fui numa festa ótima no Mitte, bairro cultural de Berlin. Era uma comparação de tablets junto com uma festa. Hoje é uma festa de aniversário com o pessoal da Global Voices. Vai ser legal.

Minha web regiamente paga vai acabar. Se der eu compro mais. Se não der eu pego uma senha de meia hora no lobby e dou notícias.

Beijos saudosos de Berlin. A cidade é adorável, mas está um tempo horrível. E quando vi meu marido amado na videochamada no Skype, me dizendo que está um sol maravilhoso no Brasil, deu vontade de voltar. Amanhã eu embarco pra Frankfurt e de lá pra São Paulo.

O importante é a gente viver um dia de cada vez, no lugar onde a gente está. Eu estou aqui, vivendo e aprendendo.

Aeroporto de Berlin, vazio

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Tegel-Berlin sem voos from rosana on Vimeo.

Fiz este vídeo ontem, em Tegel, um dos aeroportos de Berlin, totalmente parado.

É muito estranho, parece um aeroporto fantasma. Um taxista disse que está sem trabalho, porque ele ficava direto no aeroporto. Enfim,não dá pra prever o que vai acontecer daqui pra frente.

Amigos que estão em Frankfurt disseram que o aeroporto parece um hospital de guerra. Felizmente fiquei aqui. Não quis arriscar nenhuma tentativa louca, sozinha e carregando malas.

Vou torcer pra que eu embarque sem problemas na 5a. feira.

Privilégios

A palavra é problemática, desde se nascimento. Consultei o Houaiss e vi que privilégio, do latim privilegìum, foi criado como uma ‘lei excepcional concernente a um particular ou a poucas pessoas’. Ou seja, o privilégio é o oposto do ideal democrático. Se na democracia a lei vale para todos, o privilégio faz com que algumas relagias valham para um grupo ou indivíduo.

Quem é pai, mãe, tia, chefe, professor, sabe que a gente tem que lutar contra a vontade para não privilegiar ninguém. Eu mesma, aqui em casa, me esforço para não beijar mais a minha cachorrinha Lilly, que é menininha, pequena, fofa e indefesa, em detrimento do Otto, que adoro, o melhor cachorro do mundo, mas macho e mais velho que ela.

Fato é que o privilégio existe, por natureza. Comer sem engordar é um privilégio de poucos. Ser linda a ponto conquistar as pessoas só com a existência é um privilégio raro. Ter talento para cantar, correr, nadar, pintar, também são.Até aí a gente aceita. Difícil é aceitar o privilégio que algumas pessoas têm dentro de um grupo. Porque, por mais que você seja mesmo privilegiado, o grupo sempre vai puní-lo, ativa ou passivamente, pelas regalias que você venha a ter.

O grupo é assim. Olha feio para quem chega mais tarde e sai mais cedo, para os amigos e parentes dos chefes, para os funcionários que viajam.

Pronto, toquei no ponto. Viajar, em qualquer empresa, é sempre um privilégio de poucos e causa muita raiva, inveja e revolta em quem fica. Acompanho isso há anos, tanto na posição de quem fica quanto na de quem vai. Lembro de sofrer intensamente em um emprego quando via as pessoas viajando e eu ficava. Depois, vi que viajar e deixar os outros sofrendo também tem um preço muito alto.

Não sei se estou pagando ou se vou pagar, mas é minha vez de aguentar o tranco. Por diferentes razões pessoais e profissionais, tenho viajado bastante, como nunca antes na história desse país e/ou da minha vida. Em dez meses, cinco viagens de longa distância. Em junho, fui para Bonn, receber o prêmio de Melhor Blog de Língua Portuguesa da Deutsche Welle, o The Bobs, nas categorias Juri Oficial e Juri Popular. Em setembro fui para a California participar de uma Twitter Conference, em Los Angeles. Em dezembro fui para Londres, para um encontro dos blogueiros Skype em todo o mundo. No carnaval fui escolhida entre os seguidores da NASA no Twitter pra ir para Houston. E sábado agora vou pra Berlin, para a reunião do Juri mundial do The Bobs, do qual sou parte, representando o Brasil. Se eu não fosse a pessoa que está pegando o avião e carregandoa mala eu poderia ser a que ficou aqui reclamando dos meus privilégios. Dá raiva mesmo. Até meu marido e meus filhos acham injusto, apesar dos presentinhos que trago para comprar o apoio dos meus.

É verdade, viajar é um privilégio. Como diz o ditado, porém, todo mundo vê as pingas que eu tomo, mas não sabe os tombos que eu levo. (Veja, até o provérbio tenta justificar o privilégio compensando com algum tipo de dor, pagamento ou punição). Mas cada um, bem ou mal, tem os seus. Não é preciso desejar o mal do outro só porque ele alcançou alguma coisa boa, seja por mérito, sorte ou acaso. Se fosse assim, todo mundo ficaria torcendo pra que todos os premiados pela loto se dessem mal. Como eu disse pra um amigo ontem, deixa eu brincar de viajar, eu fui criança pobre e sem brinquedos. Fui mesmo. Mas não acho que cada vez que uma coisa legal me acontece eu tenha que reinvocar a falta de bonecas para ‘provar’ ao mundo que eu mereço.

O mundo não é justo, as coisas são aleatórias, nada faz muito sentido. Por isso o jeito é aproveitar as coisas boas e aceitar com paciência as dores e os problemas. O que eu aprendi, de verdade, é que não dá pra invejar a vida do outro. A vida do outro é a vida do outro, ele vai ter que vivê-la até o último dia. E você não sabe o próximo capítulo, ninguém sabe. Pode ser que a vida do outro seja cada vez melhor até o último dia, pode ser que uma reviravolte mude tudo. Pode ser que o fato de você invejar e desejar o mal do outro mude a SUA vida. Vai saber. Pelo sim, pelo não, aproveite a sua e faça o seu melhor.

Portanto, a lição é: faça o que você tiver que fazer, seja o que você for e não dê bola pra torcida. De vez em quando você é que vai lá na torcida do contra vaiar a galera sortuda. De vez em quando a galera sortuda somos nós.

Pronto. Sábado eu vou pra Berlin.
A viagem é um presente que a vida me deu.
A vida, é um presente que D’us me deu.
A todos, meu muito obrigada.
E, só pra encerrar, ter você como querido leitor aqui no blog é, de fato, um privilégio.