A gente tem carinho por certas marcas, por determinadas empresas. Elas fazem parte da nossa vida, da nossa história. O primeiro carro que seu pai comprou com muito esforço, aquele sabonete que faz você lembrar do carinho da sua avó, o cosmético que deixou você se sentindo bem. As delícias e doces, a emissora de TV que passava os seus desenhos favoritos. Não vivemos na era dos Waltons, vivemos num mundo capitalista e convivemos com todas as marcas. E nossos relacionamentos com elas são intrínsecos à nossa existência. Pois chegou a hora de fazer a DR com o Twitter.
Sempre amei o Twitter. Foi amor ao primeiro tweet. Meus amigos diziam que era a minha cara, que eu ia adorar e estavam certos. Conto no livro que escrevi sobre o Twitter, “Um passarinho me contou – relatos de uma viciada em Twitter”, que o Gustavo Jreige diz que eu já tuitava antes do Twitter existir. No livro eu conto boa parte da minha vida com o passarinho azul desde abril de 2007. Pois nessa celebração de 4 anos, Bodas de Flores e Frutas, vou descascar um pequeno abacaxi com o querido serviço de microblogging.
Não quero ser saudosista nem ficar dizendo que antes era melhor, porque sou a favor do progresso, das mudanças e da popularização de todos os serviços. O problema não é o crescimento, a ‘orkutização’. Também não faz sentido culpar as pessoas. Ao contrário, estou tentando não focar nos seres humanos. Porque você vê uma coisa errada, aponta o erro e você ganha um inimigo de morte que traz toda sua rede junto em busca de vingança.
O problema também não é a publicidade, o promoted, os anúncios na TL, porque a empresa precisa faturar. Não dá pra viver numa bolha, naquele sentido.
Uma das principais queixas é que o Twitter não consulta o usuário. Ele faz o que bem entende e nem dá explicações. Ontem apareceu um código de embed de Tweets, já disponível do BlackBird-Pie. Fiquei toda animada. Tuitei, dei print, postei. Pois hoje, sumiu. Os endereços que antes se autocompletavam não rolam mais. Isso é uma queixa de usuário. Quem ouve? Ninguém no Twitter. Só outros usuários. E, além de não ouvir os usuários, não dá satisfação do que faz. Mal avisa. Quando algo sai do ar a gente tem que correr pra procurar a explicação do que está acontecendo.Nada.
E o search? Simplesmente mudou, sem um aviso, nada. Eu adorava o sistema anterior. Era prático. Eu pesquisava e fazia pautas com muito mais rapidez. Agora ficou uma porcaria. Tudo dentro da página, muito ruim. Não tem acesso às páginas mais antigas.
E o conteúdo? Onde tem TODOS OS MEUS TWEETS? Se o conteúdo é meu (e eu li isso no Policy), por que EU não tenho acesso a TODOS OS MEUS POSTS? Cadê o meu primeiro post? Quando eu abro um BLOG eu sou DONA do conteúdo. Eu importo meus posts do blogger para o blog do R7, por exemplo. Por que eu não posso importar ou ao menos VER meus tweets?
E o sistema de contagem? Nem tem mais. Mudou tudo. Tinha um contador de tweets, mas o relógio parou. A API mudou. Muda tudo. Assim, sem mais nem menos.
O sistema de autorização mudou pra melhor. Será? Será que é mesmo mais seguro? Uma vez eu descobri uma falha no Twitpic, a mesma que permitiu que postassem bobagens na timeline de muita gente e foi um sacrifício falar com o Twitter. Quando fui hackeada, contei com a ajuda do brasileiro @vl. Não fosse por ele eu não ia ter conseguido minha conta de volta em poucos dias. Eu conto sempre com o @vl e a @carol. Eles salvam o Twitter, sério.
Mas o problema principal, na minha opinião, é que o Twitter não está nem aí para a falta de ética, para as pessoas que burlam o serviço.
Veja o caso desses sites que aumentam seguidores. Quem é que aguenta tanto spam, todos associados aos Trending Topics? Adiante falar com a empresa? Reclamar? Dar report for spam?
Essas pessoas, quando são suspensas, abrem outros perfis e pronto. Elas têm mais de 100, 200 mil logins e senhas de usuários que vão em busca de mais followers e dão os dados. Alguns pagam para aumentar a base. Eu sei, é do ser humano e blá-blá-blá. Só que elas têm um EXÉRCITO de perfis e podem fazer qualquer coisa com eles. Por exemplo, entrar num concurso e ganhar um carro pra namorada. Ou dar 200 mil seguidores pra namorada e pros amigos da turma. Ou vender perfis. E o Twitter não se importa. Azar de quem estava no concurso licitamente. O esperto leva vantagem mesmo e fim da história.
Eu não quero entrar em choque com PESSOAS, como já disse. Mas a gota d’água mais recente foi esta aqui:
– O Twitter começou a fazer tradução para o Português.A ideia era bacana, fazer uma coisa colaborativa. Sensacional.
– Pois por causa de um BADGE, um ícone de TRANSLATOR, as pessoas fazem as coisas mais absurdas e o Twitter NEM LIGA.
Um perfil brasileiro que tuita em português conseguiu um BADGE de Tradutor de INDONÉSIO. EM nível 4. Isso mesmo. Sem ter TRADUZIDO NENHUM TEXTO do Indonésio pro português.
Culpa dela? Sei lá, não estou aqui pra julgar A pessoa. Mas certamente é culpa do TWITTER, que permite isso.
Como a pessoa faz se ela não fala indonésio pra traduzir o texto? Acontece que o Twitter tem um sistema que pontua tanto o trabalho de tradução quanto os VOTOS para selecionar textos já traduzidos.
Então a pessoa vai la´(ela ou outra no lugar dela), vê todas as traduções de Indonésio, não entende NADA, vota em QUALQUER UM e junta duzentos e tantos votos e pronto! Ganha um Distintivo de Tradutora Nível 4 de Indonésio! Não é incrível?
E é por isso que a tradução fica uma PORCARIA. E aí é ruim para TODOS NÓS.
Como é que uma pessoa que não entende o que está escrito pode ESCOLHER o melhor texto e ser levada a sério?
Repito, eu já vi várias pessoas que fizeram a mesma coisa e não tenho o DIREITO de julgar a conduta de ninguém. Porque o TWITTER permite essa falha.
Eu sei, o perfil não está fazendo ‘mal’ a ninguém, não é da minha conta e tudo mais. Mas isso só mostra o quanto a empresa não é organizada e não tem regras para as próprias coisas que cria. (Há textos dizendo que o Twitter é uma bagunça, aliás.)
Esse sempre foi o MEU ERRO. Focar na pessoa e não na EMPRESA.
Por tudo isso, estou muito chateada como Twitter. Tentei avisar a equipe de tradução sobre isso e não aconteceu nada. A @carol é um amor de pessoa, muito competente, mas não sei se ela pode resolver tudo sozinha. Um grande passo foi dado com a @ajuda.
Mas essa é a realidade hoje. Um serviço confuso, que muda sem parar, que não ouve o usuário, que permite ser burlado e nem se importa com a ética e nem dá o conteúdo ao seu dono.
Eu quero meus Tweets. Quero acesso a eles.Se os americanos da Library of Congress podem ter todos, por que eu não posso?
Continuo amando o Twitter. Mas estou chateada. Eu sei que ele nem vai ligar pra mim ou pra esse post.
Pelo menos eu desabafei.
#TwitterFail
Curtir isso:
Curtir Carregando...
Você precisa fazer login para comentar.