Existem muitas formas de descascar um ovo cozido. No YouTube você encontrará algumas delas, como o modo russo de tirar as cascas das pontas e soprar com vontade de lobo mau , a técnica de rolar o ovo cozido na mesa para craquelar a casca antes de colocá-lo na água gelada, o método que usa uma mão só, dançando o quadradinho de oito, etc. Quase todos são unânimes sobre o lado certo de começar o processo de descascar o ovo, o lado mais gordinho, onde há um bolsão de ar. Pesquisando vídeos sobre o tema encontrei uma forma bacana de distinguir um ovo cozido com casca de um ovo cru: girando-o. Gire um ovo cozido e um ovo cru e veja a diferença.
A multiplicidade de técnicas se aplica a muitas coisas nessa vida, de descascar um alho a amarrar o laço do tênis. Certamente para cada uma dessas situações você já desenvolveu o seu jeito. Mas isso não impede que você aprenda jeitos melhores que o seu ou, caso exista, o método ideal de fazer alguma coisa.
Pelo lado racional a Internet seria o lugar certo para encontrarmos sempre o melhor jeito de fazer uma tarefa, seja dar um nó na gravata ou escovar os dentes. O que acontece é que em geral nossas decisões não são racionais e aí a gente faz do jeito que está acostumado, que aprendeu quando era pequeno, que a sua avó ensinou. Por motivos afetivos, por preguiça ou desinteresse, por desconhecimento, fazemos um monte de coisas de formas toscas e que acabam nos causando problemas. E, em muitos casos isso nos leva a fazer as coisas do pior jeito, que é…de qualquer jeito.
É aquela hora em que você empurra a gaveta SABENDO que a coisa vai prender e da próxima vez que você for tentar abrir, vai dar merda. É quando você coloca uma coisa no armário e fecha CIENTE de que ela vai cair na cabeça do próximo que abrir a portinha, à la Fred Flintstone guardando suas bolas de boliche.
Tem também o jeito errado que virou costume. E, uma vez incorporado à rotina, passa a ser o único jeito de fazer algo embora totalmente equivocado. Exemplo? Lavar o cabelo. É bem provável que você esteja errando na hora de usar tanto o shampoo quanto o condicionador.
E por que a gente faz assim, mal feito, nas coxas, de forma consciente ou errado mesmo? Porque temos pressa, preguiça, porque achamos que aquela tarefa é perda de tempo, porque ela está abaixo da nossa capacidade e nos irrita fazer coisas que parecem idiotas, porque queríamos estar em outro lugar fazendo outra coisa mais proveitosa como jogar conversa fora no Twitter.
Isso acontece muito quando você tem que lavar a louça ou fazer faxina. A gente não quer fazer, entra em negação, foge, mas a louça não se lava sozinha. Nem que você tenha uma lavadora, você mesmo terá que colocar os pratos dentro.
Diante desses momentos inevitáveis o melhor a fazer (melhor em termos de energia psíquica) é aceitar o fato, saber que ele não vai durar para sempre e fazê-lo da forma mais eficiente, com o menor tempo e tirando algum proveito da tarefa. E, claro, com alguma diversão.
Faço isso com a louça. Organizo tudo antes de começar, separando metais, louças, vidros, talheres, plásticos. Estabeleço uma ordem de materiais a partir da melhor ocupação do secador de louças, por isso começo sempre com os pratos. E assim vou, escrevendo iniciais e desenhando ícones com o detergente na esponja, me distraindo com a ordem criada e com o orgulho de deixar tudo limpo. Sim, fazer isso todos os dias, o tempo todo é chato mesmo. Mesmo assim vale tentar amenizar todo sofrimento com alguma diversão.
Não sei o que você vai fazer agora, depois de ler este post, mas seja lá o que for, pense em cada um dos seus gestos. Veja se você está vivendo sua vida no automático ou no manual, se seus atos e atitudes são fruto do hábito ou da consciência, se você optou por sentar-se daquela forma ou apenas se jogou na cadeira. Se você está bebendo água porque está com sede ou porque precisa hidratar seu corpo. Se você lava as mãos de uma forma eficiente.
Porque, se você for pensar bem, deveríamos lavar as mãos antes e depois de usar o banheiro. Depois pra preservar o mundo da contaminação do nosso corpo e antes pra preservar o nosso corpo da contaminação do mundo.
Pense nisso.
Pense sempre que necessário, pra viver a vida sem pensar.
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