Eu ri muito no almoço, muito. Fomos almoçar aqui pertinho do R7, no Felicità, Paulinha, Fernanda, Luiz César, André, Diego Maia, Lelê e eu. Vamos lá com frequência. Da penúltima vez o garçom trouxe a entrada, a bebiba e o prato, todos errados. Foi incrível. Eu pensei que ía pular na jugular dele. Mas ele era bonzinho e acertou o café. Só faltou o leite e o adoçante. Mas tudo bem, porque no final ele tentou passar o Visa no MasterCard e não funcionou. Enfim, eu sai de lá contrariada porém alimentada, o que já é um bom começo considerando-se a fome mundial.
O Felicità é uma cantina que tem dois serviços, buffet e à la carte. E, no buffet, tem duas opções, a mesa de saladas e pratos quentes ou uma opção de massas semi-prontas que o mestre cuca prepara na hora com molho, temperos e complementos de sua escolha, mais ou menos como naquelas cadeias fast-food de massas, tipo Spoleto. Depois você pega, come e paga.
Diego Maia estava sendo atentido e eu esperava minha vez em frente às bacias com as massas. Eis que aparece uma criatura estranha à minha direita, com um prato e começa a abrir espaço sobre a minha pessoa usando a técnica do cotovelo. Aqui, um adendo essencial à compreensão do querido leitor cuja cumplicidade estou tentando roubar, para que fique ao meu lado na história. O método de atendimento é simples. Você aponta ou diz o que você quer E O ATENDENTE pega a massa, coloca numa travessa, joga na água fervente. Depois ele pega todos os ingredientes solicitados, coloca numa frigeira que vai ao fogo, onde a massa já cozida é adicionada, mexida, apurada e servida num prato que ELE mesmo pega. O rapaz, sem entender o funcionamento da coisa, pegou o prato e começou a colocar vários tipos de macarrão frio, praticamente cru, em seu prato, sobre minha pessoa. Eis o diálogo:
CENA 01. BUFFET DE MASSAS. INT./DIA
Plano geral do restaurante lotado na hora do almoço. Uma fila de pessoas esperando atendimento. O cozinheiro está terminando um prato. Rosana é a próxima . Um rapaz oriental, franzinho e muito ansioso, pega um prato do buffet de saladas e, à força, tenta servir-se em vez de ser servido.
ROSANA
Oi, olha, você não precisa se servir, basta dizer o que você quer e o cozinheiro serve você.
O rapaz continua passando na frente de Rosana, com o prato, servindo-se de massas frias e cruas, todas..
ROSANA
A massa está fria.
Ele coloca fettucdini cru, mistura com spaghetti…
ROSANA
A massa está crua.
Rapaz começa a pegar o restinho de penne integral para o qual Rosana estava olhando fixamente, como quem decide o almoço.
ROSANA
É a minha vez!!!
E tira a mão dos meus pennes!!!
Ao lado da fila, Lelê e Diego Maia têm um ataque de riso ao perceber que o rapaz oriental não está entendendo nada do que está acontecendo, embora fale português, como se percebeu pelo seu balbuciar. Rosana vira para Lelê e dialoga com ela.
ROSANA
Lelê, eu vou dar o cartão do meu marido pra esse cara!
Corta para:
Continuação do post.
Almoçamos, contei casos do Tutinha da Jovem Pan, rimos mais um pouco, comemos. Falamos sobre artistas conhecidos, fizemos fofoca, comemos a sobremesa, tomamos café. Diego Maia deve ter rido hectolitros, só me lembro das lágrimas escorrendo. Lelê, linda em seu vestido de bolinhas, na cabeceira da mesa.
Terminada a refeição, regada a muita besteira e casos vividos, fomos para a fila para pagar e voltar para o trabalho. Surpresa ruim do dia: descobrir que a salada de frutas custa 6 reais. Ou seja, sobremesa + café + água custou mais do que a comida. Lembrete interno: da próxima vez não pedir mais nada além do prato.
Só pra encerrar, o rapaz que ficou causando conseguiu finalmente se entender com o chef que o serviu do jeito que deveria e entregou o prato para ele, pronto, quente e com o molho escolhido, com cerca de 837465849 ingredientes.
Ao receber o prato de massa, em bom português o rapaz ainda perguntou:
– E não vem com hambúrguer?
Desisti de dar o cartão do meu marido pra ele. Gente assim nem paga a consulta do psiquiatra.
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