Estou feliz. Feliz, feliz, feliz. E quero agradecer. Agradecer ao apoio, à fé, ao gerente do estacionamento, ao meu novo amigo manobrista, a todos que me ajudaram a manter a calma, o bom senso e a coragem de ir até o final. E de fazer a coisa certa. Eu poderia ter feito tudo errado, como costumo fazer quando estou nervosa, irritada. Aprendi que não basta ter razão. Tem que agir da melhor forma possível.
Qual é a melhor forma? Encar a realidade. Ver o mundo como ele é e não como achamos que deveria ser. Lutando com as armas da lógica (desde 3a. feira…), mas seguindo também o coração e a intuição
Estou com meu iPhone aqui ao meu lado. Com todas as minhas fotos, arquivos, números. Tudo. O celular ainda não está funcionando, porque eu bloqueei o aparelho, além de bloquear a linha. O bloqueio via operadora funciona mesmo.
Como consegui o celular de volta
O que era intuição e depois, desconfiança, passou a ser uma certeza. Sem querer (foi sem querer mesmo, por isso passo o conselho) acertei em não bloquear a linha imediatamente. Porque foi no intervalo entre o furto e o bloqueio que o rapaz fez as ligações que o revelaram. Foi com o número do colega dele impresso nas ligações feitas que ele acreditou que estava realmente cercado. Porque toda ligação tem uma origem. E, como ele ligou do lugar onde mora, ele usou a célula mais próxima a ele. Tudo fica registrado. You can run but you cannot hide.
Depois de dizer que ía ‘pensar’ o gerente ligou mais uma vez para o rapaz que furtou meu telefone e disse que seria melhor ele devolver o celular. E argumentou: imagine se a polícia baixar aí na sua casa, onde você mora, que vergonha pra sua noiva que está grávida? Acho que foi isso que o mobilizou. A imagem, a ideia de ser preso diante da noiva grávida e dos vizinhos que fez com que ele mudasse de ideia. O rapaz disse que iria devolver. E entregou o iPhone pro gerente, pessoalmente. O gerente perguntou sobre o celular da Lelê, roubado em novembro. Ele disse que não sabia mais.
Conversei longamente com todos os colegas, com o gerente. O rapaz que pegou meu celular foi demitido, evidentemente. Não faz sentido manter alguém que rouba telefones dos clientes mensalistas. Nem os colegas, muito corretos, querem uma laranja podre entre eles.
Liguei para a Claro e pedi para que o aparelho volte a funcionar. Ele ainda não está ativo. Parece que demora algumas horas até que volte a funcionar. Mas só o fato de ter comigo novamente minhas fotos, minhas coisas, é um grande conforto. Eu me senti muito mal imaginando um cara,mexendo nas minhas fotografias, vendo meus filhos, minha mãe, meus amigos.
Fiquei muito feliz por não ter perdido a esperança. Ou a fé. Por ter negociado. Por não ter gerado nenhum tipo de violência física para ninguém.
A noiva do rapaz está grávida, prestes a dar a luz, como me contou o gerente .
Em breve, em algum lugar, vai nascer mais um ser humano.
E, mesmo que ele nasça sem berço de ouro, ele vai ter um pai que, um dia, parou de furtar.
Eu resgatei meu telefone.
Ele resgatou sua dignidade.
Todo mundo se perde nesta vida.
Mas quem tem coração sempre volta.
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