Internet: quando o sucesso vira alvo do controle

Dubai é sede de uma reunião da ONU sobre a Internet. Estamos todos preocupados. Embora o tema inicial seja segurança, sabemos que o negócio final é… controle.

Isso mesmo. Controle. Ao longo de anos de vida e trabalho descobri uma coisa bem triste, pelo menos pra quem é idealista: você tem que ser comedido até no sucesso que faz. Sim, porque fazer sucesso significa tornar-se alvo de interesse do poder constituído. Tudo e todos que detém o poder, naquele sentido clássico de ~controlar o mundo~, cooptam ou tentam cooptar as pessoas que se tornam influenciadores de grupos e comunidades. É assim que funciona no momento. E a Internet, que já foi tão desprezada por grupos poderosos de todas as naturezas, foi sendo nutrida pelo povo, acumulando conhecimento gerado pelos usuários, até se tornar essencial.

Agora, que boa parte do planeta está online e atuante, os mesmos grupos poderosos resolvem começar a controlar a Internet, com a desculpa de ~regulamentá-la~.

É óbvio que ninguém quer uma Internet cheia de pedófilos, fraudadores e criminosos em geral, não os queremos em lugar nenhum. Mas usar a desculpa da segurança para controlar tudo é um expediente que não podemos aceitar.

Por isso, é importante estar em dia, atualizado, bem informado sobre tudo o que acontece em termos de regulamentação da rede.

Leia, informe-se, assuma posição. Lute pelo que é de seu interesse.
A Internet é nossa.
Omitir-se é perdê-la.

Amo/sou Internet

Meu marido e eu usamos o aplicativo mais fofo do mundo para casais, o Pair, uma recomendação da queridona Bia Granja. E, sim, eu já falei disso antes. Pois estávamos conversando, eu aqui no trabalho e ele passeando pela Filadélfia. Até que ele mandou uma foto perguntando: “quem é esse cara? Estão filmando aqui na rua”.

Olhei no celular e vi esta foto:

Bom, eu não sei quem ele é. Mas corri no Google para pesquisar. Digitei algo como ‘shooting movie in Philadelphia’, pesquisei pela data de hoje e bingo! Achei a notícia:

Ou seja, em segundos eu disse pra ele que era o Terence Howard (do Law and Order) filmando com o Collin Farrell pra Dead Man Down. Me senti a própria Chloe pegando dados para o Jack Bauer em 24 horas! ahahaha

A Internet é tudo. Quase tudo. Ah, se todo mundo tivesse acesso e usasse bem!

Brasil: pra cada computador, 2 tvs e 3 celulares

http://videos.r7.com/r7/service/video/playervideo.html?idMedia=4f8f655ffc9b7c5d744ea0af

De ontem, coluna no JRNews falando que o Brasil chegou a 100 milhões de computadores, 1 pra cada 2 habitantes.
E falando do crescimento do Facebook no Brasil que, segundo a Experian Hitwise, passou o Google no fim de semana passado.

Da semana passada:

http://videos.r7.com/r7/service/video/playervideo.html?idMedia=4f838d9192bb92592ec40b4c

Meme – para bom entendedor meia piada

Google por meme (olha que frase) e você vai encontrar a explicação: o termo ‘meme’ foi cunhado pelo biólogo inglês Richard Dawkins no livro The Selfish Gene, de 1976. Veja você, estamos em 2012. O termo meme, tão usado agora, tem 36 anos. Mas, claro, foi a WEB que tratou de dar força ao meme. E, mais recentemente, o Twitter, que o alimenta diariamente.

O meme é pequeno, curtinho, a menor porção de informação cultural que existe, uma ideia, uma frase, um bordão, um comportamento, um formato, que se espalha rapidamente de um ser humano para outro, como por contágio.

Todo mundo conhece pelo menos um dos muitos memes  brasileiros da internet, todos menos Luiza, que está no Canadá (mentira, ela voltou e está em S.Paulo) . Entre os mais recentes e os mais antigos, temos:

.Fica, vai ter bolo

.#Tenso

.Que deselegante

.Se isso é estar numa pior, pohan…

.Mamilos

.Sou foda

.Pedro, cadê meu chip

.É nóis que voa, bruxão

.All your base are belong to us (assim mesmo, dude)

.Só que ao contrário (adicionei agora, foi a Lelê , @alesie que criou)

 
há menes visuais,como gifs animados (quem lembra do homem-aranhadançando Aserejê?), fragmentos de vídeo (Keyboard cat, o cavalo que dá coice qdo alguém fala asneira no Pânico), gestuais ( a dança do siri, mundialmente memetizada), o “Ronaldo” do Zina.O @andreeditor é o maior criador de memes do Brasil.

A Bia Granja e sua equipe do YouPix fizeram a primeira memepedia brasuca, a http://youpix.com.br/memepedia/ . Sempre adorei o Know Your Meme e tive o prazer de conhecer seu astro mór, Jamie Wilkinson, no YouPix de S. Francisco. Tem tudo aqui.

Porém, como tudo demora a ‘pegar’, os memes só se popularizaram agora. É assim sempre. Palavras como ‘bullying” existem há anos, mas só depois de massiva martelação da mídia é que elas entram no nosso dia a dia. Parece que as coisas entram a marteladas de mídia mesmo, no cérebro de todos.

Desde os anos 80 diz-se que o meme é um vírus. Um meme é uma informação cultural com atitude. A Mika Lins me passou o link de uma palestra do filósofo Dan Dannett sobre memes, no TED Talks. Gostei muito. Bem legal.

Apesar do sucesso, muita gente ainda não entende os memes e diz ‘ah, eu não achei graça no meme da Luiza no Canadá’. Por isso, vou fazer algumas considerações da minha cabeça, apenas minhas concepções, palpite sem fundamento.

– Meme não é piada. Piada é passiva. Alguém conta, você ri. O meme até pode funcionar assim, mas não é uma piada passiva. É algo que ganha VIDA quando você usa, quando você se contagia. Como uma bola. A bola sozinha não tem graça. Ninguém fica contemplando uma bola. Você joga, você brinca, você passa pro outro.

.Memes são reduções culturais. Existem clichês, bordões, frases feitas, provérbios, piadas. E agora existem memes. Acostume-se a eles.

.Memes podem surgir de uma peça já existente, como um trecho de um vídeo (senta lá, Cláudia, de um vídeo verde e roxo de um programa da Xuxa), da Luiza Marilac (os bons drinks), de clips de música (sou foda). Mas podem surgir de um comercial de TV (Luiza que está no Canadá), de uma frase ao vivo da TV (que deselegante), de todo lugar. Alguém, em um dado momento, extrai esse pedacinho, coloca-o em outro contexto e alguém valoriza, replica. E, quando ele se espalha, ele vira um meme.

.O meme não é necessariamente uma ‘evolução’, mas é uma nova forma de comunicação por contágio. Você contrai o vírus e depois vai descobrir sua origem ou, talvez, iniciar um tratamento.

.Susan Blackmore estuda memes e fala sobre memetics, também no TED Talks. Ela até inventa o termo ‘teme’ , que seria um meme que se espalha por meios tecnológicos. Caso você se interesse. É muito legal, ela diz que Darwin, sem saber, inventou o algoritmo.

Eu ando lendo um monte de coisas ao mesmo tempo, como Teoria do Chaos, Mídia de Massa, Filosofia, Evolucionismo, funcionamento do cérebro, biologia. E ai eu vou misturando tudo e abrindo novas portas para o entendimento. Não que eu esteja entendendo alguma coisa, mas a faxina mental está ótima!

2012, o ano de levantar poeira.
Estou muito, muito animada!
Meu nome é @rosana e eu estou tremendo!

 

Agora você fala sobre memes. Não sobre MIM, sobre MEMES, nos comentários. ahahaha

Não gostou? Vada a bordo cazzo!

Um update no Chico Buarque

Autotune the news, o Songify do vídeo da garota dos gatos, enfim, a tendência é essa mesmo. As notícias e virais virando clips musicais.

Recebi agora do @zuarecomeida o vídeo do Chico Buarque (que postei aqui), transformado em canção.

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Chico com Melodyne

Procura-se, vivo ou morto

Eu acredito em texto. E em contexto. Por isso, vou fazer este texto de forma contextualizada. Acordei um pouco melhor depois do soro com remédio que recebi ontem no pronto-socorro do hospital Samaritano (). Respondi a alguns emails, subi alguns posts, organizei rapidamente minha manhã na Internet, conferi minha agenda. E fui caminhando até o cartório para fazer aquela coisa gostosa que é reconhecer firma.

Assim que saí do cartório peguei um táxi, para fazer um percurso razoavelmente longo, de Santa Cecília a Vila Sônia. ()Fui a uma agência bancária descobrir por que meu cartão foi bloqueado. Fui no táxi tuitando e lendo tweets. E entrei na agência. Entrei sem problemas, por uma porta de vidro giratória. Subi e fui procurar a gerente. Expliquei todo o problema e, depois de algumas confusões, chegamos à conclusão de que não havia nada de errado com meu cartão. Só poderia ser um problema com o cartão dos números de segurança. Ela cadastrou um novo e me entregou. Desci, passei novamente pela porta de vidro e fui aos caixas eletrônicos. E tudo bloqueado. Fiquei realmente chateada. Já era tarde, eu estava longe, meu dinheiro estava todo naquela conta e eu não tinha dinheiro nem pra voltar. Imediatamente passei pela porta de vidro e… fui presa. Fiquei presa na porta de vidro pelo segurança. Agora me diga, qual é o critério para prender uma pessoa na porta, esmagada num pequeno triângulo transparente? Se esse critério fosse FIXO, como é que eu entrei antes e agora não? Comecei a chorar. Finalmente consegui ser solta, voltei a falar com a gerente.

Ela não conseguiu resolver meu problema. Só conseguiu fazer um saque pra eu pegar dinheiro e imprimir cheques pra usar a conta. Como pode? Como eu posso ter um cartão de banco, da minha empresa, que funciona, mas não funciona? Que funciona na agência, mas não funciona na rede de terminais do usuário?

Foi nesse momento que descobri que além do funciona-não funciona existe algo pior. Existe o morto-não morto. Eu já tinha lido alguns tweets falando da ‘morte’ do Amin Khader, em torno do meio-dia. Não acreditei. Ele mandou o link, que foi retirado do ar, mas está no cache do Google. Outras pessoas confirmaram. E desconfirmaram. Uma confusão. Não acreditei e achei melhor não falar nada no blog. Fiquei só acompanhando o rolo no Twitter.

Peguei um táxi depois de muito esforço e passei em casa pra pegar meu carro e ir ao dentista. Adivinha. O provisório do maldito dente que quebrou um dia e que estou consertando, quebrou. Tomei uma anestesia sensacional que fez o mundo parecer melhor. Foi a melhor parte do dia. Do dentista vim para o R7, finalmente. Consegui me maquiar, gravar, enfim, cumprir minhas obrigações.

Acompanhei o Datena ao vivo falando com o Amir Khader e exibindo o vídeo do Hoje em Dia com todo mundo chorando, antes de saber que não era verdade. Não tem como saber ainda quem começou essa história. Nem pra quê. Aliás, pra que e por que também não fazem sentido.

O que faz sentido hoje? Muito pouco. As pessoas só querem se divertir. Nada mais. Querem falar bobagem, querem consumir bobagens, querem rir, zoar, trollar. Até os hackers fazem tudo pelo… LULZ. Lulz deriva de LOL, Laughing Out Loud, numa espécie de plural pirata, com z. As pessoas fazem tudo pelo LULZ, pela sacanagem, de brinks, por nada.

Morrer, matar, hackear, brigar, tanto faz. É tudo circo. Circo online. Circo na mídia. Tudo circo. Nunca houve tanto circo e tanto palhaço. Tanto riso, tanta alegria superficial. Cinco mil anos de civilização, de conhecimento, de produção artística, cultural, tudo termina em LULZ. O que conta é a farsa. Estamos na era da farsa. Tudo é farsa. Quem tem mais poder, mais mídia, faz mais farsas. É um momento ótimo, porque as pessoas tem acesso e não tem preparo, acreditam em tudo, entram em qualquer brincadeira. É inacreditável. Se a prima do animador de auditório que aparece na TV inventar uma história de que está grávida do bode da vizinha, o povo acredita. De polvo vidente a E.T. Bilu, tudo é aceito. Tudo é motivo para hahahaha. Gargalhemos. Vamos rir mesmo. Da vida, da morte, nada mais faz sentido. A verdade não existe, o que existe é a mentira bem trabalhada. Vamos fingir que brigamos. Vamos ganhar mídia. Notoriedade. Vamos virar trending topic, meu bem.

Procura-se sucesso, vivo ou morto.
A qualquer preço. A qualquer custo.

These Days, Being Anonymous is Worse than Being Poor (Glee ♥)

Excelentes textos sobre redes sociais e métricas

A essa altura da vida você já sabe que o mundo tem as seguintes regras:

1. Se você se autoelogiar será execrado. Falar mal de si mesmo pode, falar bem não pode.

2. Tudo o que você criticar sobre qualquer coisa ou pessoa, com ou sem fundamento, só tem uma única explicação: inveja. O cérebro foi feito para invejar, não para o raciocínio.

3. Conteúdo é uma coisa que atrapalha a diversão, portanto, ninguém quer saber dessa porcaria.

4. Textos são coisas chatas porque têm muitas letras. E para ler muitas letras tem que gastar muito tempo e ninguém tem tempo para perder, porque estamos todos muito ocupados vendo figuras.

5. Falar mal dos outros é a coisa que mais dá audiência, porque somos todos malvados enrustidos numa sociedade que finge que gosta de gente boazinha.

6. O sobrenome é a coisa mais importante da sociedade, seja o sobrenome de família (e.g. Kennedy), sobrenome da empresa (fulano é diretor da Coca-cola, mesmo que seja do setor de lubrificação da esteira da linha de montagem de uma fábrica na Cochinchina), sobrenome da instituição de ensino (o cara estudou em Harvard! Ele pode ter feito um workshop de 2 dias, pago, num prédio que fica dentro do campus de Harvard, mas é Harvard. E se você contestar, volte para o ítem 2).

7. Se duas pessoas discutirem sobre qualquer tema em qualquer situação, tem razão a que for mais bonita. Feio é sempre sujo, malvado e burro. O mundo odeia gente feia.

8. Como corolário do número 7, feio serve pra fazer humor, mas gente bonita não pode ser engraçada. Gente bonita é pra ser apreciada e servir de inspiração. Desfila, posa, atua com poucas falas ou apresenta programas de TV com TP. Se a pessoa linda for loira, o mundo cobrará um pedágio. Ela tem que pagar aguentando piadas infames.

9. Toda vez que você fizer uma pergunta em vez de obter uma resposta receberá uma avalanche de outras perguntas, como ‘por que você está perguntando isso?’, qual é o seu interesse na resposta, etc. O ser humano é muito paranóico e desconfia de tudo, até da própria sombra projetada. Não gostou? E por que tá lendo, hein? Algum problema?

Mas não foi isso que eu vim aqui dizer no post.

Eu vi recomendar dois textos em inglês, excelentes, sobre métricas em redes sociais, ambos do site do Twitalyzer. O primeiro diz que as empresas não devem confiar num número único, numa medida única

O segundo, genial, diz que ‘mídia social não é um jogo’. As pessoas acham que é só um jogo, uma competição, por isso fazem tudo o que fazem num jogo real: roubam, matam para ganhar, etc. Tem também conselhos muito bons no texto.

E, claro, como todo ser humano PRECISA completar dez e não aceita uma lista de nove ítens (porque temos 10 dedos nas mãos e construímos uma sólida base decimal para contagem a partir de nossos dedos, que afinal se chamam ‘dígitos’ (pescou?), vamos completar a lista:

10. Todo ser humano é muito curioso.

Vai, larga essa pedra

A agressividade faz parte do ser humano. É um ‘feature’ do produto, tem função evolutiva. Para se defender de  predadores, o animal homem se vale de sua agressividade, aliada a criatividade e inteligência. Fugir de um leão faminto na savana deve acelerar muito o processo criativo em busca de uma solução, além de contar com uma boa dose de adrenalina e força muscular pra subir numa árvore em segundos.

Ok, o mundo atual é ‘uma selva de pedra’ e tal. Mas não estamos sob ataque de vida ou morte na Internet, por exemplo, ninguém vai morrer de email, post, artigo ou tweet, por pior que ele seja. Não estou falando de um estado extremo, portanto, de sobrevivência, mas de um comportamento instalado e que percebo mais intensamente agora. Estamos todos mais belicosos.

A primeira coisa que noto é o julgamente apressado. E, como costuma acontecer, errôneo. Como bem colocou o @oKastelo no Twitter  “a justiça humana não tarda, mas falha”. E como falha. Mas, por que julgamos tão apressadamente e tendo como base a opinião de um lado só? Porque não somos isentos. Porque não fazemos ‘jornalismo imparcial’ na vida, ao contrário. Estamos sempre buscando a reafirmação do que já achamos.

Sempre que você acha um ‘pensamento’ bonito, é porque você concorda com ele, porque existe ressonância entre o que você já pensa e o que está lendo. Ou seja, estamos sempre RETROALIMENTANDO nossas opiniões, crenças e convicções, sejam elas lógicas ou não, lúcidas ou não, embasadas ou não. Se você acredita que gato preto dá azar, vai fazer muito pouco para questionar ou mudar essa crença e vai fazer sempre muita coisa para reafirmar, explicar, justificar ou disseminar essa crença. Assim somos.

Além do julgamento insensato, apressado e falho, há também a condenação imediata. A sequência é mais ou menos assim: eu acho->eu julgo baseado no que eu acho->eu condeno baseado no que eu julgo e eu já parto pra ofensa pública, num átimo. E por que isso acontece? Porque não nos importamos com ideias ou situações, mas pessoas.

Você não gosta de mim, por exemplo. Portanto, já estou julgada e condenada. Tudo o que você procurar, pesquisar, ler, interpretar, será no sentido de CORROBORAR, justificar, encontrar motivos para provar que eu realmente não mereço seu respeito. Nas fotos vai ver meus defeitos, nos textos vai procurar incoerências, nos vídeos vai implicar com tudo, nas discussões vai ficar contra mim. Por que? Porque você, eu,  todo mundo quer ESTAR CERTO. Estar CERTO é muito mais gostoso do que ser JUSTO.O cérebro gosta de acertar e não de ser imparcial.

E por que alguém não gostaria de mim, de você, ou da Glória Maria, por exemplo? Porque alguma coisa EM NÓS ecoa mal quando nos deparamos com a pessoa. Não é algo errado NELA, mas algo estranho EM NÓS.

Eu, por exemplo, posso não gostar de muitas atitudes da Glória Maria, já que falei nela, mas eu não tenho nenhum motivo justo para falar mal dela porque nem a conheço pessoalmente! Não convivo com ela, pra começar, não sei que pessoa ela é. Mas todos nós fazemos isso full time com os ‘artistas’ e ‘celebridades’. Eu também faço. Uma hora você condena porque a pessoa faz jejum, outra hora você odeia porque acha que ela é arrogante, depois fica emocionado porque ela adotou duas meninas. É tudo DA SUA CABEÇA,  a Glória Maria não está interagindo COM VOCÊ. Falo isso porque odeio isso em mim e sempre me pego fazendo essa imbecilidade. Eu olho a foto da Glória Maria de salto alto no paralelepído e meu cérebro doente já diz: ‘alá! acertei em não gostar da Glória Maria, olha que salto mais inadequadro pra esse chão!’. Ridículo, não? Pois acontece sem parar o tempo todo com quase todos os cérebros.

E assim vamos, criando um mundo fantasioso e contaminado, 100% ilusório e injusto, que nos afasta tanto da realidade como da sensatez. E da felicidade.

E por último, mas não menos importante vem a a paranoia. Ah, a paranoia! É o preço da megalomania, a culpa gigantesca. A pessoa se sente tão culpada por ser agressiva, por julgar todo mundo, por ser cruel, invejosa, que tudo o que ela lê ou vê de ruim já acha que é com ela. Qualquer frase, provérbio, parece ser intencionalmente pra ela. Claro, né, ela está vendo com os olhos da culpa.

No Twitter, rede que frequento muito, tenho sentido os ânimos exaltados, beirando o descontrole geral. As pessoas tratam os outros com desdém e agressividade, como se tivessem passado a vida esperando por uma oportunidade de sair atirando. Às vezes, de fato, o outro se engana. Mas aí, entra a frase do Dalai Lama: ‘o fato de você ter razão não lhe dá o direito de ser estupido’. Eu também caio nessa armadilha e, uma vez ou outra consigo me controlar. Hoje eu consegui e fiquei feliz. Uma moça distraída passeava um imenso cachorro. Ele fez cocô e ela saiu andando sem recolher as fezes. Pensei em correr e ir lá exigir que ela o fizesse, mas vi que ela estava ao celular. Nem deve ter visto. Então, em vez de ACUSAR eu PERGUNTEI. Sabe, o ‘in dubio pro reo’, na dúvida, em favor do réu? Perguntei se ela tinha reparado que o cachorro havia deixado coco na calçada. Ela disse que não viu. Eu ofereci um saquinho plástico, fui com ela até o local e ela recolheu, sorriu, agradeceu e desejou um bom dia. Melhor assim, não?

Portanto, se a gente não quiser quebrar a Internet, estragar os blogs, desandar o Twitter, piorar o ser humano, é bom baixar um pouco a bola. TODOS NÓS. Respire fundo, diferencie o que é SEU julgamento do que é a verdade, o que é SUA cisma e o que é a atitude ou intenção do outro.

E, sobretudo, tire esse dedo do gatilho. A gente reclama da bala perdida do policial, que mata inocentes, e nem percebe as balas morais que atiramos sobre pessoas que não fizeram rigorosamente nada. Pessoas que hoje, graças às poderosas redes sociais, você execra publicamente, semeando julgamentos superficiais por aí. Pessoas que você acusa porque não gosta, não de identifica, não tem simpatia. Vai saber por quê.

Pare de acreditar só no que é ruim, de consumir só o que é maléfico, de dar ouvidos para o pior lado, de julgar sem saber, de alimentar seu monstro interior.

Larga essa pedra, vai.
Tá, não larga, então.
Mas não atire a pedra em ninguém.
Coloque-a num lindo bonsai.

As coisas que a gente vê nessa Internet

Por favor, não me pergunte se isso é real. Apenas busque conhecimento.

A eleição na era da web

2010 foi um ano histórico para a democracia brasileira. Vivemos a primeira eleição para presidente, governador, senadores e deputados federal e estadual com a participação massiva dos eleitores pela web fixa e móvel, tanto nas redes sociais quanto em todas as outras muitas plataformas de comunicação e expressão.

Uma das grandes novidades foi a série de sabatinas com transmissão transmídia. No R7, por exemplo, tive a oportunidade de ancorar os intervalos desses eventos, com todos os principais candidatos ao primeiro turno para as eleições presidenciais. No estúdio, as sabatinas eram transmitidas ao vivo pelo R7, com retransmissão pela Record News. Nos intervalos, junto com uma grande equipe, ancorei a comunicação com o internauta, lendo comentários, acompanhando perguntas via e-mail, mural e chat, passando serviços. Durante toda a transmissão em áudio e vídeo, a equipe do R7 publicava minuto a minuto todas as falas dos participantes. Depois da emissão ao vivo, tudo ficou em arquivo para acesso posterior do eleitor. O R7 também manteve um blog permanente sobre as eleições, com muito sucesso. Foram meses de trabalho, milhares de notícias e uma abertura para expressão por parte do internauta como nunca se viu antes. Um pequeno passo na interação online, um salto gigantesco para a democracia brasileira.

Foto: Wilton Junior/AE

Além das transmissões dos debates com os principais candidatos pela TV, como o debate acalorado da Rede Record, acompanhamos tudo o tempo todo na Internet e na web móvel. As redes sociais respiraram política. Hashtags sobre candidatos e debates no Twitter, perfis com twibbons demonstrando suas preferências de forma assumida por um ou outro candidato, discussões intensas durante toda a campanha. Há muito tempo eu não via, sentia, tanta mobilização por parte dos eleitores. Me senti nos velhos e bons tempos de movimento político na USP.

No primeiro turno das eleições, uma outra conquista: a apuração dos votos acontecia e o R7 anunciava, tudo praticamente em tempo real. Nunca se viu nada assim. Mapas, infográficos, resultados, comparações, análises, tudo ao alcance do eleitor. Toda a Internet mobilizada, em todas as plataformas. Baixei um aplicativo brasileiro no iPad e, pela primeira vez, pude acompanhar os resultados na TV com o iPad no colo, vendo todas as atualizações disponíveis. Um show de informação.

Essa conquista deve ser muito comemorada. A Internet é o triunfo da transparência, da verdade, do acesso à informação por parte de toda a população. A conclusão feliz é que nessa eleição, o povo saiu ganhando. A democracia online foi eleita por maioria esmagadora.

Veja mais:
+ Tudo sobre as Eleições 2010 no R7

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A Internet quer ‘trollar’ a TV para virar celebridade

Você vai ouvir um sonoro palavrão, a falta de educação e a reação estupefata dos apresentadores e do entrevistado diante da grosseria do telespectador. Agora que você já viu, vamos aos fatos. Vamos tentar entender.

Eu estava aqui no trabalho quando o Diego Maia perguntou se eu tinha visto o vídeo do Programa Manhã Maior da RedeTV com o palavrão, o vídeo acima. Peguei o link e assisti. Fiquei passada. Trabalhei em TV durante 26 anos, de 1983 a 2009 e conheço muita gente. Minha visão é a de quem conhece o meio. E, claro, hoje eu sou uma profissional de Internet. Sou peão das duas mídias.

A primeira coisa que chamou minha atenção foi o fato do telespectador ter sido tratado como um convidado. Mas, soube depois, os apresentadores costumam fazer assim. O telespectador é convidado a fazer uma pergunta. Ele dá o nome e o telefone e entra no ar, com seu nome na tela. O programa faz isso em respeito ao telespectador. O garoto em questão deu um telefone verídico, porque a produção ligou de volta e verificou. Eu apurei isso junto ao programa.

O rapaz que fez isso ‘trollou’ a televisão. Trollar é uma mistura de bullying com zoação, uma espécie de assédio midiático, em que uma pessoa usa um meio para encher o saco do outro, para zoar o outro, para exercer o famoso espírito de porco. É parecido com os pichadores, que sujam as paredes, prédios e monumentos. Eles estão numa outra vibe, num outro jogo, um jogo sujo, muito diferente do jogo limpo dos cidadãos e da cidade. Trollar é pichar monumentos vivos, ou seja, gente.

Muitos fazem isso. Confesso que já dei muitas risadas ao ver esse tipo de coisa acontecendo. Lembro da onda de tentativas, muitas com sucesso, de telespectadores que enviavam nomes com cacófatos, como Paula Tejano, para programas esportivos. Você pode achar vários no YouTube.

O rapaz que fez isso hoje tinha outra intenção: queria aparecer no Top Five do CQC. A ideia era essa, exatamente. Ele ligou, deu o nome, o telefone, gravou. Ele queria bombar a cena no YouTube, com o palavrão, para aparecer no Top Five da noite desta segunda feira. Gravou com o celular, disposto a virar um herói da trollagem. Imagine a emoção do menino. Sentar no sofá hoje à noite, assistir ao CQC, ver o vídeo no TopFive e dizer pros amigos: eu que fiz isso!

Eu estaria mentindo se dissesse que não ri quando vi o vídeo pela primeira vez. Mas depois, a graça acabou. Porque respeito as pessoas do programa, porque gosto muito do Arthur Veríssimo, porque é provável que o programa deixe de receber ligações dos telespectadores por causa disso. É um canal de interatividade que se fecha por causa de um garoto. É tão triste quanto ter que fechar uma praça por causa de um vândalo ou cercar uma casa com arame farpado por causa de um ladrão.

Brincar é normal. Ver as pessoas experimentando as novas mídias também. Assim como é normal testar as relações entre web e TV. Mas há uma diferença entra o passamoleque que é o cacófato ‘Paula Tejano’ e ser grosseiro ao dizer um palavrão. Ainda mais porque a pauta era homossexualidade.

Não quero ser hipócrita, porque trabalhei no Pânico, sempre fiz humor, dou risadas das zoações, como todo mundo e, num primeiro momento,imaginei que a cena estaria no primeiro lugar do Top5. Mas como todo adulto eu também sou capaz de analisar e pensar na forma de brincar e nas consequências que advém desse ato. Todos nós temos a reação infantil de uma criança diante de uma situação assim, mas a diferença é que quem amadurece, pondera.

Hoje, no aniversário de morte de Graham Bell, acho que esta ligação é emblemática. Se ele estivesse vivo e visse tudo isso, talvez tivesse desistido de inventar o telefone.

Pra você, Otávio Neto, eu dedico essa canção. Que mostra como a mesma coisa, em outro contexto pode ser legal. A Cris Nicolotti não fez mal a ninguém. E com esta interpretação todo muito riu, todo mundo se divertiu e ela ainda ganhou um prêmio. E ninguém teve que perder o emprego.

😦

Ah…essa Internet.

PS –  O vídeo acima é do Marcelo do Asttro. Ele não tem nada com isso, só ouviu o palavrão, gravou e subiu pro YouTube.

Update das 21:24h – O garoto que fez a ligação entrou em contato com a produção do programa via email e disse que estava arrependido, que ele só queria forçar a barra pra aparecer no Top5, pra enganar a produção do CQC. Sim, porque, o CQC mostra os erros que acontecem espontaneamente e não coisas produzidas intencionalmente, com a finalidade de aparecer no programa.  Mas enfim, cada um faz o que quer. Eu só queria contar  a história e dar minha opinião. Opinião dada. Agora é sua vez de opinar nos comentários. Obrigada.

A Internet, no limite

Se você usa o Twitter já deve ter perdido a simpatia pela baleia FailWhale, de tanto que tem aparecido durante a Copa do Mundo. Já era sabido que o tráfego durante os jogos seria grande. Tem sido assim, de fato. Ontem, por exemplo, dia 23 de junho, a Internet quase bateu seu record de tráfego mundial. Veja este mapa da Akamai, publicado no BusinessInsider.

world-cup-traffic

O jogo dos Estados Unidos contra a Algeria quase bateu o record de tráfego na Web. Depois da vitória americana, foi atingida a marca de 11,2 milhões de visitas por minuto.
Hoje, o novo pico foi de mais de 20 milhões de acessos por minuto.

Realmente, a Copa do Mundo é outra. O mundo é outro. O mundo agora está em rede. Pra valer.

Segura, peão.

O rádio do carro e o consumo de notícias

Há várias semanas um fato vem me intrigando. Comecei a perceber a ocorrência no portal R7.Depois, durante a pesquisa, verifiquei que ele se repete em todos os outros sites do Brasil. Ainda não verifiquei se isso acontece em todo o mundo. Do que estou falando? De um abismo. Um abismo que separa as notícias que os jornalistas destacam e das notícias mais lidas pelos usuários.

No topo de cada portal você vê as notícias que estão em destaque. A bolsa caindo ou subindo, fatos políticos de relevância mundial, escândalos internacionais. cataclismas, acidentes, mudanças na legislação, mortes de celebridades, resusltados do esporte.etc. Nesse momento, por exemplo, as cinco manchetes do rotativo do R7 falam dos 50 anos de Bono Vox, do resultado do futebol, a volta de Schumacher, as cinzas do vulcão islandês que vira-e-mexe fecham os aeroportos da Europa.

E quais as cinco notícias mais lidas pelos visitantes? A primeira é um quiz:
Faça quiz do vale-tudo com Machida e Shogun

    A segunda, há três dias é este outro quiz

    Teste: adivinhe o carro olhando só o rádio

    O que isso quer dizer? Não sei. Não sei interpretar ainda, porque isso requer muito estudo. Fazer qualquer tipo de intepretação é insensato. O fato é que as notícias mais lidas nunca são as notícias em destaque ou, raramente são. algumas hipóteses levantadas por leitores:

    – as notícias de hard news são menos lidas porque são as que aparecem em todas as mídias

    – o internauta busca conteúdos exclusivos de cada portal

    – o leitor está exposto a tantas noícias `ruins` que busca um antídoto nas notícias de entretenimento e esquisitice.

    São muitas as possibilidades. E, é fato que o canal de esquisicites, notícias bizarras, é um dos mais visitados em cada um dos portais de notícias. Somos assim, gostamos do que é diferente.

    Alguma outra coisa deve estar embutida nesse quiz sobre rádios e carros, no entando, destaque há três dias consecutivos, como mencionei. O público masculino gosta de desafios? Brasileiro adora carros? As mulheres também brincam de reconhecer o rádio?

    Não sei. Mas estou procurando respostas.Se você tiver alguma luz para jogar sobre minha obscura ignorância, eu agradeço. Por enquanto só sei que a Internet é incrível, porque ela está sempre ali, mostrando realidades que alteram tudo o que você achava que sabia. Ainda bem.

      É muita coisa

      maisde8milhoes

      De acordo com o contador GigaTweet, já são mais de 8 bilhões de tweets postados no Twitter. É muita informação.(Para ver o contador em tempo real, clique em GigaTweet). Em 48 dias serão 10 bilhões.

      Não adianta torcer o nariz e dizer que o ‘Twitter é chato’ ou que eu só falo nisso. É como torcer o nariz para a Internet, coisa que, aliás, muita gente fazia nos anos 90 aqui no Brasil. Cansei de ser chamada de ‘Tarada da Internet’, “Maníaca por Internet’ e outros  mimos. Não era nem vício nem virtude, era só um fato que ía acontecer e que muitos perceberam pelo lado de dentro: a Internet mudaria o mundo.

      Pois o Twitter está mudando a Internet e a mídia em geral. Aqui, uma ressalva: o Twitter é único, não tem nada igual. Daí seu sucesso.

      Mesmo que você não tenha um perfil no serviço, vale a pena aprender a pesquisar nele. É lá onde todo mundo comenta, é lá onde você fica sabendo dos fatos antes de todos, é lá a fonte de análise de comportamentos e tendências do mundo conectado. E, só para completar, as pessoas no Twitter não falam apenas do mundo online, falam do mundo em geral. Por isso ele é tão abrangente. O Brasil já é o segundo país em volume de  uso do Twitter.

      O Orkut ainda é maior? É. De longe. E o Orkut, do qual nunca fui fã, também é uma fonte incrível de informação para pesquisa. Os humoristas que o digam. Muita gente fez fama e fortuna usando o Orkut como fonte de piadas, fotos engraçadas, tendências.

      A Internet está mudando até a telefonia. O Skype, que é mais famoso serviço de voz/vídeo sobre IP, entre outras coisas apresentou números surpreendentes:em 2009, o volume de minutos usados via Skype correspondeu a 12% (quase 13%, na verdade) de todos os minutos de tráfego internacional de chamadas ( 409 bilhões de minutos ).

      De acordo com o Internet World Stats, somos 1.733.993.741 internautas no mundo, ou seja, 25% da população mundial. De cada 4 pessoas, uma está na Internet.

      Quanto mais você aprender, descobrir, entender esta “Rede de Redes”, quanto mais você se especializar em algum assunto online, mais você terá chances de se tornar útil, próspero, realizado profissionalmente.

      Há um mar de possibilidades esperando por você na Internet.
      Aproveite que você está online e nade de braçada.

      🙂

      Em tempo real

      A televisão nasceu de parto normal. Começou ao vivo, quase como a vida acontece. Porque a TV nasceu em preto e branco e o mundo, salvo exceções anômalas, é colorido para todos.

      A televisão chegou ao Brasil em 1950. E boa parte das histórias interessantes dos primórdios da televisão é feita de erros. De atores, apresentadores e das garotas que faziam propaganda.

      Depois veio o VT. A TV passou a gravar e editar os programas. Começou a era da busca pela perfeição.Muitos programas ao vivo passaram a ser gravados.

      Vou pular muitos anos e partir para o surgimento da Internet. Claro, a internet é um grande arquivo, uma biblioteca multimídia  infinita.  Mas o grande caso de amor dos usuários com a web é a comunicação, a informação, a transmissão em tempo real.  O sucesso das redes sociais, dos comunicadores instantâneos acontece porque somos seduzidos pelo que acontece agora.O sucesso dos portais de notícias está ligado ao quanto podemos receber de informações sobre o agora.

      O grande charme da web passou a ser o real time, o tempo real.

      E o tempo real da web voltou a cobrar o ao vivo da televisão. O surgimento dos reality shows é uma prova dessa fome de realidade simultânea. E é justamente aí, na linha do tempo, que as coisas se encontram.  O Twitter, por exemplo, com sua timeline de acontecimentos ao vivo é uma espécie de reality show aberto e constante.

      O twitter é uma rede e um  fluxo de acontecimentos. Tanto é que o próprio Twitter mudou a pergunta de What are you doing (o que você está fazendo) para What’s happening (o que está acontecendo).

      É essa presença real na rede que cobra o ao vivo da TV. O melhor programa gravado perde tranquilamente para qualquer coisa mais ou menos que está ao vivo. Os programas gravados, que antes tiravam grandes períodos de férias, são obrigados a antecipar a volta para o ao vivo.

      Estamos vivendo um momento muito peculiar. Em busca da perfeição e da tosquice. Do improviso total e da produção sofisticada. Queremos os extremos. Queremos pessoas perfeitas que tenham momentos de imperfeição.

      Queremos tudo o que acontece no mundo diante dos nossos olhos, entregue em nossas casas, em nossas tvs, nossos computadores, nossos celulares.

      Queremos o mundo todo em delivery.
      Pra já.

      Caiu na rede é pato

      rafabarbosa

      Rafa Barbosa (@rafabarbosa) é um fanfarrão.
      Em setembro do ano passado, ele escreveu um post  intitulado “Xuxa Meneghel contrata Tessália Serighelli como consultora de presença on-line”.

      Ele juntou dois assuntos, o caso dos erros ortográficos no twitter de Xuxa e as constantes polêmicas associadas à Twittess, e criou um hoax, uma brincadeira. E avisou.  Avisou. No final do texto ele coloca este selo, “ai”, artigo irônico, dizendo: “Você leu um texto irônico. Este aviso representa o nosso comprometimento e transparência diante da sua ignorância.


      artigoironico

      Pois no afã de pesquisar informações sobre os participantes do BBB10, um jornalista de O Dia, publicou uma nota hoje, neste link,  repassando a história inventada por Rafa Barbosa como se fosse real. Veja o print da nota e o destaque:

      odiapublicouerrado

      O destaque com a história do Rafa:

      destaqueodiaerrado

      Pois o site EGO reproduziu a informação creditando-a ao jornal O DIA, numa matéria de hoje:

      egoerra

      Eu não estou falando de um erro de ortografia, não estou implicando com a Xuxa, nem com a Tessália, não estou criticando o EGO, não estou crucificando O DIA.Estou falando de uma exigência básica da produção de informação, checar os dados. (No caso, bastaria ler o aviso que Rafa colocou no final. )

      Todo mundo trabalha sob pressão, todo mundo sai correndo atrás de informações para gerar notícias, porque todo mundo quer consumir mais e mais e mais o tempo todo.A esteira de produção de notas dos blogs e sites não pode parar. É a linha industrial da comunicação a todo vapor.

      O que eu estou colocando aqui é a FRAGILIDADE do sistema, da estrutura. A FACILIDADE com que um jornalista pode, pela pressa e falta de atenção, interpretar uma brincadeira como uma verdade e gerar uma notícia falsa.

      Se existe um lugar onde você precisa ter bom senso e sabedoria é na Internet. A Internet é um ambiente mais complicado do que o seriado do Jack Bauer, 24Horas, onde você nunca sabe em quem pode ou não pode confiar. Você conta um segredo e a pessoa publica seu email na íntegra. Você fecha com senha e alguém hackeia.  Você publica um erro e ele se dissemina.

      Tem que ter MUITO DISCERNIMENTO. E isso está faltando para todos nós. Não porque nós não temos capacidade de discernir, mas porque não temos tempo de praticar o esporte. (Estou sendo benevolente, estou tentando encontrar atenuantes, juro.

      Fica aí então o resultado da brincadeira do Rafa Barbosa. Ele fisgou dois peixes, EGO e O Dia. Peixes não. Porque caiu em hoax da rede, é pato. E pato com aviso dá direito a mais duas rodadas no jogo da vida. 🙂

      #amomuitotudoisso

      O melhor programa da Internet

      faustaoroundGrande parte dos programas de variedades da televisão é feita de quadros. Sempre tem um apresentador, que comanda a atração no estúdio, alguns repórteres que trazem matérias em externa, mocinhas bonitas que dançam, trazem fichas, fazem merchandising ou chamam o intervalo.

      Gugu, Silvio Santos, Faustão, Luciano Huck e vários programas brasileiros são assim. Até o Pânico tem a mesma estrutura. Um apresentador, quadros e moças bonitas.

      vanusaroundO formato ainda vai durar muito tempo. O publico acostuma. Só tem TV como forma de entretenimento. A fórmula vai durar tanto quanto Biotônico Fontoura ou VickVapoRub. As pessoas não gostam muito de mudanças. Tanto é que muitos telejornais com formato alternativo acabam voltando para o formato ‘casal na bancada’.

      Acontece que existe um mundo quase paralelo, feito por outras pessoas ou outras facetas das pedrochiproundmesmas pessoas que assistem TV: os internautas. Internauta é o estado que a pessoa adquire ao entrar na Internet. E na Internet, o programa é outro.

      Começa que o programa na Internet não tem apresentador. É coletivo. As atrações que fazem sucesso podem ser de várias naturezas, mas, em geral, sao vídeos do YouTube. Alguém acha um vídeo tosco, estúpido, diferente, divertido e bota no ‘programa’. Os blogs e as rede sociais viralizam. E, em pouco tempo, este mesmo ‘quadro’ se desdobra em outros. Um micropedacinho pode virar um ‘meme’, uma frase que se repete, como ‘Ronaldo’. Uma outra parte pode virar um funk. Depois vem a série de paródias, com Hitler, Simpsons e outros quetais. Também para estes desdobramentos há um repertório.

      Além dos quadros audiovisuais, há também os #facts. Os fatos sobre um determinado assunto.

      Este programa de variedades fica no ar o tempo todo e vai mudando com os assuntos, ora jornalísticos, ora garimpados na rede. Vanusa foi garimpado na rede. Pedro me dá meu chip, idem. Stephany foi da rede para a TV. Geisy, ganhou a TV, mas começou como um caso registrado com o celular, postado no YouTube, reproduzido em blog e que acabou ganhando espaço na mídia em geral.

      E por que as coisas viralizam tanto? Porque pegam por contágio. E nunca na história desse país (…) estivemos tão próximos. Todo mundo em rede. Conectado. Interligado. Mesmo distantes, unidos pela mesma Internet. Mãos num teclado de um lado, mãos no teclado do outro. E o vírus sempre passa de um hospedeiro para outro.

      E isso é bom? Parece. Mas, mais importante é que isso é assim. Democrático. Todo mundo pauta, todo mudo pode, todo mundo participa.

      O mais curioso é que, em muitos casos, a coisa se inverteu. O público é que faz o programa e a mídia, fica de platéia. Claro, por pouco tempo. Só o tempo de pegar a pauta e levar pra TV. Aí a gente volta pra cadeira, liga a net, entra na rede e fica ali, só fofocando com os web-vizinhos pra ver o que a televisão está fazendo com a pauta da gente.

      Programa da Internet é assim. Vanusa, Pedro, Chip, Geisy, Apagão. Tudo na nossa mão.

      A vida, o mundo, as pessoas, a Internet e tudo mais

      O assunto é delicado. De-li-ca-do. Eis uma palavra fácil de ser escrita. Ninguém erra. Mas vamos falar um pouco disso, de errar. No sentido ortográfico. Or-to-grá-fi-co. Ainda tem acento? Deve ter. É proparoxítona. Aliás, a palavra proparoxítona é autológica, ou seja, proparoxítona é proparoxítona, ao contrário de átona, que não é átona e, portanto, é heterológica. E vamos parar com essa loucura porque já é quase noite e o cérebro já está acordado há um bom tempo.

      Meu trabalho aqui no R7 é vasto, abrangente e intenso. E olha que eu trabalho menos do que o pessoal que dá plantão, inclusive nos finais de semana. O que eu faço? Eu crio produtos de interface entre portal e TV, participo do grupo que cuida das redes sociais, faço o Querido Leitor, ajudo no pool que cuida dos blogs como um todo e, quando sobra um tempo, vou ler os comentários dos internautas. E quando eu digo comentários, eu digo … dezenas de milhares de comentários. Só eu, apenas eu, euzinha, já li mais d e… 20 mil comentários em quatro dias. Não estou brincando. Descobri muito sobre o mundo, a vida, as pessoas, os internautas, os fãs, os leitores e, confesso, tem sido um banho de aprendizado.

      Aprendi, por exemplo, que não devo nem ao menos citar exemplos. Porque se eu copiar aqui o pior erro do mundo em termos de língua portuguesa, alguém vai aparecer defendendo o direito da pessoa que cometeu o erro. Vai dizer que é errado eu trabalhar num portal e falar mal de um usuário que entrou no blog e nos deu hits. (Fato. Mesmo quem xinga dá audiência). Sempre vai ter alguém para defender o erro alheio. Sempre vai ter alguém para discordar, mesmo que o argumento não faça nenhum sentido, porque algumas pessoas precisam discordar de tudo.

      Se um blogueiro publicar algo como “a água é molhada” ele vai receber críticas que vão desde “isso já foi publicado ontem e só você não sabia, seu burro atrasado” até frases como “a água é molhada aí na tua casa, mula,porque na minha é sequinha que só! kkkkk”. Falar sobre isso é… chover no molhado.

      Alguns discordam de tudo, outros concordam com tudo, outros apenas zoam das coisas. Há os que não sabem o que querem, não entendem o que dizem. E, claro, há pessoas incríveis, lúcidas, sagazes, que percebem até mesmo as mais estreitas entrelinhas. Esses, eu tenho vontade de abraçar. Gente atenta é o máximo.

      Os erros de português, no entanto, são desprezíveis se comparados à riqueza que é este contato com os internautas em geral. Sim, porque os visitantes que passam por um portal, passam por todos. Ninguém navega em um mesmo site ou blog, todo mundo vai pra todo lugar. É o mar. É a navegação. É a vida. As pessoas estão sempre em movimento na rede. No máximo você pula de uma página pra outra, volta, mas estamos todos sempre em trânsito. Abelhas polinizando mídias, de blog em blog, de site em site, num vai e vem, num leva e traz, um zum-zum-zum de informações.

      Neste sentido os comentários são demonstrações do estado de espírito das pessoas. Não como elas são, mas como elas estão se sentindo naquele momento. Se estão iradas, calmas, felizes, ansiosas, satisfeitas, irônicas, tensas. Em geral, as pessoas reagem de acordo com o que leem em cada blog.

      Vou dar um exemplo. No blog do Dado Dolabella, as palavras são ‘felicidade’, ‘te amo’, ‘boa sorte’, ‘casamento’, ‘bebê’.As reações são de afeto. No blog do Théo Becker, todo mundo diz ‘iuhuuu rock and roll’, ‘esse é irmão desse’, ‘maluco’, ‘doido’ etc. e tal. O blog da Chris Flores é todo leve, amoroso, cheio de elogios. As pessoas AMAM o programa. Em cerca de uma semana o blog recebeu mais de dez mil comentários.

      O blog do Britto Jr. tem comentários sobre A Fazenda, ele, cidadania, filosofia. No blog da Fabíola Reipert há um fenômeno diferente. As pessoas chegam lá com a adrenalina a mil. O ‘mood’ é intenso, passional, porque ela fala sobre televisão. A televisão no Brasil é, de longe, o maior assunto de todos. Eu não saberia medir, mas acho que muita gente passa metade do dia vendo TV e a outra metade comentando sobre TV e sobre as pessoas que aparecem na tela. A televisão é assunto de todo mundo. Como se o tema fosse descendo do alto da pirâmide, desde o Olimpo da TV, passando pelos rádios, pelas revistas, jornais, Internet e, finalmente, ganhando as conversas nos bares, no trabalho, nas ruas. Entre o céu e a terra, naquele espaço onde residem os mistérios que nossa filosofia vã não é capaz de supor.

      Num salão de beleza (fui hoje) você vê gente assistindo TV, lendo a Caras e falando dos famosos.

      Eu também falo, não tem nada de errado. Eu trabalho nesse meio há tanto tempo que já nem me lembro de quando não era assim. Só sei que, apesar de tudo, tenho conseguido entender um pouco melhor o ser humano. Não muito, mas um pouquinho.

      Já é um bom começo.

      PS – Não sei como estava seu estado de espírito quando você entrou aqui. Tomara que você saia melhor do que chegou. 🙂 Hope so.

      O vazamento das senhas

      A notícia de ontem era assustadora: senhas de 10 mil usuários do HotMail vazaram na rede. A fonte era o site especializado Neowin.net e as senhas foram publicadas no pastebin.com . Rapidamente a informação se espalhou, já que muita, mas muita gente tem HotMail no mundo (eu tenho, você tem?).

      Hoje, porém, percebemos que o estrago foi maior. Senhas do HotMail e também do Yahoo! e do Gmail vazaram na Internet. Meu único email é do Gmail. É realmente apavorante. O assunto está sendo discutido neste momento por todos os internautas e envolvidos.

      1254841028O dono do site Pastebin.net, onde as senhas foram publicadas, colocou um aviso na coluna da esquerda na entrada do site, com um link para seu blog. Clicando no link vamos para um post onde ele lamenta o ocorrido, já que o site não foi criado para este tipo de atividade. Sem contar o incrível número de acessos que obrigou LordElph (aparentemente o nick oficial de Paul Dixon, proprietário do site) a tirar o site do ar.

      lordelph

      E aqui, o post pastebin.com is down due to hotmail crack”

      1254842194

      Segundo o site da BBC, “Graham Cluley,consultor de segurança da Sophos,a lista de emails comprometidos pode ser maior. Ele diz que ainda não sabe dimensionar o problema.

      Há alguma coisa que você possa fazer? Sim,há. Primeiro, não guarde suas senhas numa pasta “senha” ou num documento “senhas’.Não é uma boa ideia. Segundo, use senhas diferentes para serviços e páginas diferentes. Cluley afirma que 40% dos internautas usam as mesmas senhas para tudo. (Eu usava, mudei e esqueci metade…).

      E, por último, use senhas complexas. Não óbvias. Não use data de nascimento, casamento, nome do cachorro, coisas que as pessoas podem descobrir conhecendo (ou pesquisando sobre sua vida).

      De qualquer forma, senha é um assunto que envolve todos nós.
      Todos nós.
      Porque logar é registrar-se.
      E quem está logado, entrou com login e… senha.

      PS – O site Neowin verificou que as contas cujas senhas foram divulgadas eram todas genuinas. A maioria, aparentemente, eram contas baseadas na Europa. A ArsTechnica informa que os usuários que tiveram suas senhas ‘vazadas” eram de usuários com nomes em ordem alfabética começando, de “ar” até “bl”. (tradução deste texto)

      Bem-vindo, querido leitor!

      Não, eu não vou começar com aquele yadda-yadda-yadda de “eu blogo há quase dez anos” , “já fiz mais de cinquenta mil posts”  e tudo mais. Ou talvez eu comece. Não sei ainda. A emoção de escrever este ‘primeiro post’ do Querido Leitor num contexto totalmente novo espalha cores em meu cinzento cérebro a ponto de confundir as decisões racionais sobre meu próprio texto.

      Algumas coisas, porém, estão bem claras na minha cabeça: o valor que o Querido Leitor adquiriu por sua causa e a importância deste novo momento que passo a explicar agora.

      Ao longo desses anos, por mais que eu me esforçasse,  este blog sempre sofreu de um problema de ‘clandestinidade’ perante minhas atividades profissionais primordiais. Chefes olhavam de forma esgueirada quando eu falava sobre o blog, colegas torciam levemente o nariz quando me viam escrevendo um post durante o horário de trabalho, leitores me perguntavam se “eu não tinha nada para fazer da vida” para ter tanto tempo de postar no Querido Leitor. Aos olhos de muitas pessoas blogar era uma espécie de vício pessoal,  mania doentia, idiossincrasia inexplicável.

      Sempre compreendi a postura das pessoas que se reuniam sob a nuvem desta desconfiança, mesmo achando que blogar era apenas a minha opção pessoal de fazer um intervalo mental, digamos, uma alternativa mais saudável do que sair para ‘fumar um cigarrinho lá fora’. Quando surgiram os blogs realmente eram vistos como diários de adolescentes, orbitando entre o irrelevante e o desprezível. Algumas pessoas fixaram esse conceito inicial e não fizeram nenhuma atualização desde então. Sim, porque os blogs evoluíram rapidamente, viraram  um poderoso instrumento de expressão, informação, troca de experiências, interação, cidadania, diversão, mil coisas. Os grandes veículos de mídia passaram a ter blogs e blogueiros como contratados. E o resto você sabe.

      O Querido Leitor também cresceu, ganhou leitores, criou uma comunidade, conquistou respeito e até alguns prêmios. Ainda assim, postar era sempre uma atividade marginal,  um rio fluindo ao lado de minhas funções profissionais no mundo da criação de televisão. Em muitas ocasiões, quando não havia ninguém ao meu lado para me recriminar visivelmente, a reprovação exterior dava lugar à culpa interior, o que me levou a subir muitos posts num netbook levado de casa e conectado no meu próprio modem 3G, para não usar a estrutura da empresa. Era ou não o caso de me sentir uma blogueira clandestina?

      Pois agora, finalmente, depois de quase uma década, o Querido Leitor se emancipou de fato. Virou gente grande. E assumiu não só o controle de sua própria vida, como da minha também.

      O Querido Leitor foi convidado a vir oficialmente para o R7 junto comigo e fazer parte deste grande projeto de comunicação cuja meta é ser o maior portal de conteúdo de língua portuguesa da Internet.

      Este post está sendo escrito na redação, num computador do R7, diante dos olhares de colegas e superiores, sem problema algum. Não há mais culpa, reprovação, dúvida, medo. A partir de agora não apenas posso, mas DEVO postar no blog. Eu vim aqui para isso.

      🙂

      PS – Daqui a pouco tem novo post. E, claro, a partir de agora espero você, querido leitor, aqui.