Eu estou muito nervosa. E com muito medo. Estou tão nervosa e com tanto medo que eu nem queria falar sobre isso aqui no blog. Mas aí eu pensei: poxa, depois de dez anos me relacionando com o leitor no blog, eu vou deixar de contar as coisas mais verdadeiras que acontecem comigo, só porque elas me fragilizam, porque revelam meu medo e minha insegurança? Achei que não seria justo e resolvi contar.
Daqui a pouco vem um senhor aqui em casa para trazer uma cachorrinha. Uma schnauzer branca de três meses. Meu coração está dolorido e apavorado. Dormi chorando ontem à noite por causa disso.
Eu ainda não me recuperei de verdade, desde que perdi minha Lilly e, em seguida, minha Nikky. A Lilly era a minha cachorrinha amada, minha paixão, a coisa mais linda que já vi neste mundo. Ela era a alegria. E aí, aconteceu uma fatalidade, ela comeu um manto impregnado de algum adubo, que ela desenterrou de um jardim, contaminou-se, adoeceu e morreu.
Fiquei muito deprimida, de um jeito assustador. Meu marido ficou com medo que eu realmente entrasse numa depressão profunda (minha mãe viveu internada, com depressão, por uns vinte anos. Hoje está curada, graças a Deus) e comprou uma outra cachorrinha, a Nikky. Me apeguei a ela. Mas Nikky, a gente não sabia, veio com cinomose, embora vacinada na carteirinha. E depois de muita luta para salvá-la, a única saída para amenizar seu sofrimento foi a eutanásia. Eu fiquei arrasada. Arrasada. E as pessoas más e insensíveis que não entendem a grandiosidade da VIDA como um todo, ainda diziam que era ridículo eu sofrer por uma cachorrinha quando tem tantas crianças pobres no mundo. É verdade, mas um sofrimento não ameniza o outro.
Pois ontem, meu marido chegou em casa dizendo que queria me mostrar uma foto. De uma cachorrinha. A dra. Janaína Reis, veterinária e amiga, disse que, por causa da cinomose da Nikky, seria melhor que a gente pegasse uma cachorrinha maior, com 3 meses.
Vi a foto da bichinha. Nem consegui vê-la direito, a foto era meio de lado. Mas o problema não era esse, o problema era o medo. O medo de sofrer de novo, o medo de me apegar novamente, o medo dela não gostar de mim, da casa, do Otto, sei lá. Medo mesmo, medo.
Fui dormir chorando, lembrando da Lilly, da Nikky. Mas, ao mesmo tempo, ali ao lado do medo, minha criança interior começava a pensar num nome pra ela. Depois de várias tentativas, de Tequila a Helga, passando por Mika e Strudel, chegamos a Mila. Mila. Mil e uma noites de amor com você.
O dono ligou agora, está preso no trânsito. E eu estou aqui, presa no meu nervosismo.
Otto está melhorando (está com doença do carrapato), voltou a comer, está mais alegre. E vai ficar entretido com a nova moradora. A Mila. Ela vai chegar e eu nem sei que carinha ela tem. Mas é um cachorrinho, uma vida, que está no mundo. E que agora que está viva e no mundo, precisa de uma família, de uma casa, de alguém que cuide.
E meu coração assustado está aqui, atrás da porta, esperando por Mila.
Seja o que Deus quiser.